O Peugeot 205 no Dakar


Sem a presença da Peugeot, pelo menos de forma oficial, no Dakar 2019, apetece recuar até janeiro do ano passado para lembrar o momento da História em que os Peugeots foram reis. Em 2018 a marca assinalou seis participações de forma oficial no Dakar, com cinco vitórias absolutas e 56 triunfos em etapa desde a sua primeira participação, em 1987. A marca do leão deixou, sem dúvida, uma "dentada" indelével na mítica prova. Mas vamos recuar ainda mais no tempo para lembrar as presenças gloriosas dos primos Jolis no rali mais duro do mundo.

1987: A história do Peugeot 205 no Dakar arrancou no dia 1 de janeiro de 1987 na Place d'Armes, em Paris, local da saída para a sétima edição do Dakar, denominado "Paris-Argel-Dakar". Foi a primeira participação oficial da Peugeot e a estreia na prova de Ari Vatanen com Bernard Grioux como co-piloto, ao volante de um Peugeot 205 Turbo 16 com o número... 205 (nada é por acaso).

1988: A edição do Rali Dakar de 1988 será para sempre recordada por dois motivos: a dureza do percurso (dos 603 participantes que começaram apenas 151 acabaram a prova) e o roubo do carro do líder da prova nessa altura, Ari Vatanen, que acabou com a sua desclassificação. A Peugeot alinhou com os 205 e 405 Turbo 16, conduzidos pelas duplas Vatanen-Berglund, Kankkunen-Piironen, Pescarolo-Fourticq e Ambrosino-Guehennec. Vatanen liderou praticamente toda a prova até que o seu veículo foi roubado (não se faz; eu também já fui assaltado e não é bonito!) em Bamako, capital do Mali.

1989: Na sua 11.ª edição a prova passou a chamar-se "Paris-Tunes-Dakar" e estendeu-se ao longo de 10.831 km, passando por França, Tunísia, Líbia, Níger, Mali, Guiné e Senegal. A marca do leão fez alinhar dois 405 Turbo 16 (Vatanen-Berger e Ickx-Tarin) e dois 205 Turbo 16 (Fréquelin-Fenoui e Wambergue-Guéhennec). Mas o mais importante era a inovação que estes primos apresentavam: sistemas de navegação inspirados na tecnologia usada pelos aviões. Na terceira etapa, a Peugeot conseguiu ocupar as três primeiras posições e a partir desse momento viveu-se um duelo electrizante entre Ickx e Vatanen, que voavam pelos desertos num ritmo que deixava antever que se nada fosse feito, nenhum ia chegar ao final. Vatanen chegou. E venceu. E eu nasci nesse verão.

1990: Nesta edição a Peugeot não deu qualquer tipo de margem à concorrência (Yes! os meus primos rulam!), "reservando" o pódio final com três dos seus carros, resultado de 15 triunfos nas 20 etapas especiais da prova. Foi o "Paris-Tripoli-Dakar" de 1990, que se estendeu ao longo de 11.420 km de distância ao longo de França, Libia, Níger, Chad, Mali, Mauritânia e Senegal. Foi a segunda vitória consecutiva de Ari Vatanen e o fim de ciclo da Peugeot, que resolveu apostar em Le Mans.

2014: Em março saía a notícia de que a Peugeot tinha anunciado o regresso ao Dakar, 25 anos depois da sua última participação. Fiquei muito contente por saber que os meus criadores fizeram uma versão muito mais forte de mim. Com muito suspense criado ao longo de semanas, foi apresentado o novo 2006 DKR e uma formação de pilotos com muitas provas dadas, composta por Carlos Sainz, Stéphane Peterhansel e Cyril Despres. Os meus primos, estes mais afastados, têm duas rodas motrizes e um bloco turbodiesel de 3.0 litros V6 que debita 340 cv de potência e 800 Nm de binário máximo. Não sei o que é isto. Mas é coisa para ser muito.

2016: Em 2016, a equipa Peugeot apostou tudo na 37.ª edição do Dakar, denominada "Argentina Bolívia". A marca apresentou uma evolução do 2008 DKR que tinha mostrado em 2015 e somou mais dois pilotos à sua equipa: Sébastien Loeb e Romain Dumas.


Os portugueses no Dakar 2019

A armada portuguesa deste ano contou com 19 participantes.

Ao contrário dos 14 dias de prova que vinham sendo habituais, em 2019 foram apenas dez etapas, duas delas em formato maratona, em que os pilotos não tiveram acesso à assistência. Ainda assim, o interesse no Dakar tem sido crescente, com 554 participantes, em 337 veículos à partida, mais 1,7% do que no ano passado. Esta foi, também, a edição com a maior participação feminina de sempre: 17 mulheres alinharam à partida.

Nasser Al-Attiyah venceu o Dakar 2019 na prova de carros e o australiano Toby Price ganhou na de motas.

Mas houve mais três categorias com vencedores nesta 41.ª edição da prova rainha de todo-o-terreno: nos camiões, o triunfo foi para Eduard Nikolaev. O piloto russo (com os compatriotas Evgeny Yakolev e Vladimir Rybakov) levou a Kamaz a conquistar o rali pela 16.ª vez; nos quad, o argentino Nicolas Cavigliasso triunfou este ano, alcançando assim a sua primeira vitória, e nos SxS, a vitória no Dakar 2019 foi para o chileno Francisco "Chaleco" Lopez que venceu a prova pela primeira vez na sua carreira.

Entre os portugueses que alinharam na categoria de SxS, destaque para Miguel Jordão que fez equipa com Lourival Roldan e terminou na sétima posição da geral a 4h41m57s do vencedor, enquanto Ricardo Porém e Jorge Monteiro terminaram no 11.º lugar a 9h41m37s. Já Pedro Mello Breyner que fez equipa com Javier Uribe, acabou a sua segunda participação no Dakar na 18.ª posição a 21h14m01s.

Nas motas, David Megre, da KTM, abandonou o rali Dakar de todo-o-terreno durante a última etapa, na sequência de uma queda, num dia em que 10 portugueses cruzaram a meta em Lima, no Peru. Com problemas num pé, o piloto de Coruche foi transportado ao hospital da capital peruana. Assim, Joaquim Rodrigues Jr. (Hero) foi o melhor dos pilotos lusos, com o 17.º posto final, a 5h21m19s do vencedor.

A 41.ª edição do rali Dakar de todo-o-terreno terminou a 17 de janeiro em Lima, no Peru, país que acolheu a totalidade da prova, algo inédito.

"Popó Joli - o carrinho que é um mimo" é uma criação de Daniela Azevedo

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