AC no Popó Joli? Com este calor até pode valer a pena

Perdi a cabeça... mandei instalar AC no Popó Joli!

Ainda que estejamos em setembro, o calor que faz lá fora não parece nada anunciar a despedida do verão.

Assim, e porque o Popó Joli só tem um ar condicionado de cinco euros :D, resolvi partilhar convosco algumas dicas simples para manterem o vosso clássico fresco durante os dias de muito sol. Quem tem um carro mais antigo, especialmente se for de cor escura, sabe bem que todo o cuidado é pouco para o manter saudável e brilhante (de repente senti-me a descrever um shampoo). Geralmente, os velhotes não apreciam um bronzeado como nós e também não tiram lá grande partido de uma tarde inteira a torrar enquanto nós estamos numa esplanada.

Garagem ou estacionamento coberto
É óbvio que as garagens são muito procuradas para contornar os malefícios de qualquer estado do tempo mais agressivo. Mas quando não é possível, procurem estacionar o carro à sombra ou, pelo menos, fazer um cálculo estratégico e estudar onde estará a sombra nas horas de maior calor. Deste modo, a cor da pintura mantém-se viva, os plásticos do habitáculo não endurecem e também não é preciso fazer o carnaval de abrir as portas todas e esperar que o velhote arrefeça até se conseguir pegar no volante.

Cera na pintura
Todo este calorão e sol alto podem provocar manchas e pequenas fissuras na pintura da carroçaria. Pior ainda é quando os pássaros resolvem fazer do nosso capô e tejadilho casa de banho. Ou quando conseguimos passar dos 120 Kms/h e fazemos da grelha frontal cemitério de insetos. Os dejetos, quando ressequidos, vão provocar manchas e falta de brilho. Logo, o melhor e protegê-lo usando uma cera adequada porque, não só dá brilho, como também ajuda a proteger contra estes malefícios do sol muito quente. Tenho experimentado várias mas ainda não tenho um top feito. Se quiserem, partilhem as vossas experiências com ceras de pintura. O mesmo se aplica a produtos para proteger as borrachas (ainda não descobri o melhor).

Plásticos do habitáculo
Quando expostos ao sol e à radiação ultravioleta, os plásticos começam a degradar-se, a perder cor e partem-se com enorme facilidade. No caso do Popó Joli basta olhar para eles fixamente, sem pestanejar, e logo me dou conta de que já estão a estalar. Aliás, mesmo depois do restauro já tive danos e começo a achar que é impossível mantê-los impecáveis. Ainda assim, naturalmente que a recomendação passa por um produto protetor. Como no caso do Popó Joli só esta medida não está a resultar, estou a ponderar aplicar-lhe mesmo creme hidratante humano. Depois partilho este processo.

Bancos
Para os velhotes que têm bancos de couro, o trabalho de proteção é mais complexo e implica um tratamento muito mais regular da pele, contudo, e porque mesmo após o restauro o Popó Joli conseguiu manter-se fiel aos estofos em ganga, a opção recai sobre as proteções de bancos que facilmente se encontram em várias cores e modelos nas grandes superfícies comerciais. Não esquecer os bancos de trás!

Pneumáticos
No tempo mais quente é também preciso ajustar os pneus, não só a calibragem mas também a pressão do ar interno. Com o alcatrão a ferver, os pneus saem mais massacrados, por isso, após o verão, não se esqueçam de verificar se está tudo em conformidade. Olhem que vem aí a chuva!

Protetor solar
Ok, não estou a falar de nenhum protetor 50 com cheiro a cenoura mas sim dos painéis refletores que também existem em todos os tamanhos e cores, com bonecos ou lisos. Muitas marcas também aproveitam o verão para oferecer alguns como forma de publicidade, em cartão ou alumínio, mas prefiro os lisos e simples (como em quase tudo nos carros). Estará para nascer quem gosta de um automóvel transformado numa autêntica estufa quando estacionado ao sol. Com os painéis, grande parte dos raios solares que atingirem o para-brisa são refletidos, diminuindo o seu impacto lá dentro.

Ventoinha
Vamos lá ver... trazer uma ventoinha quase de brincar não é nenhuma solução muito válida, apenas me tem ajudado quando não há como fugir ao sol durante as viagens. Ainda nesta altura do ano, as temperaturas registadas são muito elevadas, por isso, tenho sempre que fazer um double check e triple check à temperatura do motor, principalmente não tendo, ainda, a sorte de ter um clássico refrigerado a ar. Verifiquem regularmente o nível do líquido do radiador e usem aditivos próprios segundo o indicado no manual do vosso amigo (espero que ainda o tenham). Mantenham o compartimento do motor limpinho, com poucos resíduos de óleo, para evitar o seu sobreaquecimento. Estranhem sempre que a ventoinha do carro não disparar. Já me aconteceu e o Popó Joli ia-se incendiando num dos túneis a caminho do Campo Grande, em Lisboa. Vá lá que, no painel, acendeu uma luz a mostrar uma espécie de salsicha na grelha. Não foi bonito e não quero voltar a vê-la.

Lavar e secar
Eis a recomendação que já testei e posso partilhar ser a melhor para o tempo quente: lavar o Popó Joli e deixá-lo secar à sombra. Quando não está tanto calor ou não tenho tempo para o deixar secar, tendo logo que o enfiar na garagem, procuro secar-lhe, sobretudo, a zona das borrachas e onde ficaram pingos grandes com um pano de microfibras para deixá-lo brilhante.

Ar condicionado
Resumindo, instalar ar condicionado num carro de 1989 até podia valer a pena mas não se me apresenta, por enquanto, como opção. Quando o AC está instalado de origem, tudo foi feito a pensar nisso: radiador, molas de suspensão e instalação elétrica funcionam como um todo. Não sendo assim, vai, de certeza, haver fugas do gás, por mais minúsculas que sejam, porque o carro vibra, passa em buracos, faz curvas... enfim, tudo convida a problemas. Além do mais, com os pouco mais de 900 de cilindrada do Popó Joli, subidas seriam para esquecer e a já de si caríssima gasolina ainda ia ser mais necessária.

"Popó Joli - o carrinho que é um mimo" é uma criação de Daniela Azevedo